Amy Winehouse foi a única razão que me fez marcar presença no Rock in Rio deste ano e voltaria hoje se ela voltasse a subir ao palco.
Estava apostado em ir e escrever sobre a experiência aqui porque sabia que ia ser intensa. Acabei por hesitar, pensar nalgumas coisas para dizer, decidir não escrever nada, mas finalmente e a muito custo aqui estou a juntar umas linhas sobre o assunto.
Foi o concerto mais sofrido da minha vida, e estou a falar apenas de mim... É duma crueldade, do ponto de vista humano, tê-la feito subir a palco e, dizem-me, passar na integra o espectáculo na TV. Mas dizia, nunca tinha sofrido tanto a ver um espectáculo. Apeteceu-me subir ao palco e dar-lhe uma dose de energia extra. Apeteceu-me meter juízo na cabeça dos que assobiaram o atraso e que não conseguiram descolar da imagem da "drogada e acabada". Palmas, houve muitas, para as canções mais conhecidas e para as poucas palavras, algumas muito pouco perceptíveis, que foi tentando dizer.
A nossa diva está muito mal, como ela própria disse: "devia ter cancelado o concerto". E devia! Mas ainda bem que veio e só isso, para mim, já valeu muito e, como disse logo de início, lá estaria outra vez se ela voltasse.
A primeira imagem custou a ver: magra, ar doente, andar desalinhado e um ar de pânico, que durou as duas primeiras músicas, ao ver ali 90 mil almas à espera do que ia sair dali. E não saiu grande coisa é um facto. Também não estava à espera de muito mais, só não estava à espera que ela estivesse tão mal. Mas mesmo desarranjada e sem forças e preocupada com os cabos do microfone e com o vestido que lhe fazia confusão e com o cabelo a meter-se-lhe na boca e a tosse e a voz a falhar e a falta de confiança que a levou a pedir coisas a quase toda a banda e o não saber onde meter o pulso enrolado numa ligadura e, no fundo, a desorientação ela lá se tentou aguentar. E teve piada quando disse: "já sei que estão agora à espera do Leny, mas a diferença é que se ele caísse ficaria embaraçado, eu não " (ela ia mesmo caindo, na verdade não foi bem uma queda). O único momento em que se lhe viu alguma alegria na cara foi quando falou do Blake e do seu regresso a casa. E chorou à entrada de "Love is a Losing Game", eram emoções a mais e teve de descomprimir mas recompôs-se e continuou.
O que custa, no fundo, é ver alguém com um poder e energia na voz ali absolutamente débil. Ver alguém que tem coleccionando prémios atrás de prémios a dar um concerto daqueles perante 90 mil pessoas. e a a mostrar que até os heróis se podem ir abaixo. Mas a verdade é que ela nem deve querer saber se é exemplo bom ou mau seja para quem for. As bad girls são mesmo assim é preciso saber gostar delas e prefiro mil vezes a debilidade e ar decadente mas honesto e verdadeiro do que o folclore que a antecedeu e seguiu.
Foi ela Miss Amy Winehouse que esteve ali, boa e má, triste e sorridente, sem forças para se segurar em pé mas a puxar da voz, numa má fase mas com todo aquele poder de voz que lhe conhecemos.
Amy get well soon!
Estava apostado em ir e escrever sobre a experiência aqui porque sabia que ia ser intensa. Acabei por hesitar, pensar nalgumas coisas para dizer, decidir não escrever nada, mas finalmente e a muito custo aqui estou a juntar umas linhas sobre o assunto.
Foi o concerto mais sofrido da minha vida, e estou a falar apenas de mim... É duma crueldade, do ponto de vista humano, tê-la feito subir a palco e, dizem-me, passar na integra o espectáculo na TV. Mas dizia, nunca tinha sofrido tanto a ver um espectáculo. Apeteceu-me subir ao palco e dar-lhe uma dose de energia extra. Apeteceu-me meter juízo na cabeça dos que assobiaram o atraso e que não conseguiram descolar da imagem da "drogada e acabada". Palmas, houve muitas, para as canções mais conhecidas e para as poucas palavras, algumas muito pouco perceptíveis, que foi tentando dizer.
A nossa diva está muito mal, como ela própria disse: "devia ter cancelado o concerto". E devia! Mas ainda bem que veio e só isso, para mim, já valeu muito e, como disse logo de início, lá estaria outra vez se ela voltasse.
A primeira imagem custou a ver: magra, ar doente, andar desalinhado e um ar de pânico, que durou as duas primeiras músicas, ao ver ali 90 mil almas à espera do que ia sair dali. E não saiu grande coisa é um facto. Também não estava à espera de muito mais, só não estava à espera que ela estivesse tão mal. Mas mesmo desarranjada e sem forças e preocupada com os cabos do microfone e com o vestido que lhe fazia confusão e com o cabelo a meter-se-lhe na boca e a tosse e a voz a falhar e a falta de confiança que a levou a pedir coisas a quase toda a banda e o não saber onde meter o pulso enrolado numa ligadura e, no fundo, a desorientação ela lá se tentou aguentar. E teve piada quando disse: "já sei que estão agora à espera do Leny, mas a diferença é que se ele caísse ficaria embaraçado, eu não " (ela ia mesmo caindo, na verdade não foi bem uma queda). O único momento em que se lhe viu alguma alegria na cara foi quando falou do Blake e do seu regresso a casa. E chorou à entrada de "Love is a Losing Game", eram emoções a mais e teve de descomprimir mas recompôs-se e continuou.
O que custa, no fundo, é ver alguém com um poder e energia na voz ali absolutamente débil. Ver alguém que tem coleccionando prémios atrás de prémios a dar um concerto daqueles perante 90 mil pessoas. e a a mostrar que até os heróis se podem ir abaixo. Mas a verdade é que ela nem deve querer saber se é exemplo bom ou mau seja para quem for. As bad girls são mesmo assim é preciso saber gostar delas e prefiro mil vezes a debilidade e ar decadente mas honesto e verdadeiro do que o folclore que a antecedeu e seguiu.
Foi ela Miss Amy Winehouse que esteve ali, boa e má, triste e sorridente, sem forças para se segurar em pé mas a puxar da voz, numa má fase mas com todo aquele poder de voz que lhe conhecemos.
Amy get well soon!
2 comentários:
Condutor: estou sem palavras (e devo confessar que pela negativa)...
Amigo: sim senhor, é verdade que a moça lá verdadeira e transparente foi... disso ninguém tem dúvidas! Mas, mais do que isso e custou-me imenso ver o concerto (vi pela TV) foi um total desrespeito por 90 mil pessoas (fora as da rádio e tv que estavam a acompanhar) que pagaram para a ouvir e ver. Se calhar devia mesmo ter cancelado ou melhor, não devia sequer ter aceite o convite! É pena que uma voz como a dela viva numa mente decadente que não sabe quando parar. O álcool e as drogas estão presentes em todo o mundo da música e não vemos este tipo de "espectáculo" a toda a hora. Normalmente ele acontece depois do verdadeiro espectáculo, longe das câmaras e dos fãs, no foro privado a que cada figura pública tem direito e tem também o dever de conservar. Todos os artistas são, para muitos, deuses, mas todos sabemos que são pessoas normais como nós, os comuns... só que nós os comuns não temos a responsabilidade que um artista famoso e que enche um recinto com 90 mil pessoas tem! Temos outras responsabilidades e outro papel nesta sociedade. É pena que muitas figuras públicas não percebam isso. Que só pelo facto de serem públicas, em público, claro está, devem respeitar aqueles cujas almas se alimentam deles mesmos, que riem, vibram, saltam, pulam, emocionam-se e choram com o trabalho fantástico que alguns fazem. E a Amy Whinehouse tem o poder de fazer esse trabalho fantástico!!! Esperemos que o faça....
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