Já aqui falei do filme "A Valsa Com Bashir". Fui hoje confirmar o hype que me foi caindo em cima com tantas opiniões positivas e não só confirmei tudo o que me tinham dito, como ainda tenho mais qualquer coisa a acrescentar.
Foi a primeira vez que vi um documentário feito em animação,, um documentário muito bem disfarçado de história. Tudo começa aqui, nesta conversa entre dois amigos num bar. Um conta-lhe que tem sempre o mesmo sonho, um sonho que o recorda dos tempos em que ambos foram soldados na guerra Israelita contra o Líbano: 26 cães a correr pela cidade e que só param quando chegam ao pé dele e o observam no topo de um prédio. Pede-lhe , já que ele é realizador de cinema, para fazer um filme sobre isso. O filme, por esta altura, já nós o estamos a ver. Assim como já vimos os cães ferozes a correr pelas ruas da cidade (toda esta sequência que abre o filme põe em evidência a qualidade da animação, da qual já vou falar adiante). O outro, o que aqui vemos à esquerda, é Ari Folman, o realizador. e argumentista. Não se recorda de nada. Só mais tarde nessa noite também ele começa a ficar obcecado por um outro sonho, do qual mais ninguém parece lembrar-se. O filme é toda uma busca pelo significado e pelo acontecimento que fez despontar o sonho. Real ou imaginado? A seu tempo saberemos.
Adorei a ideia de animar as entrevistas a soldados e personagens do palco da guerra que o realizador vai fazendo. O áudio que ouvimos é o da entrevista, as imagens são a da animação. Os tiques, as hesitações na resposta, os gestos que denotam incómodo pela pergunta, tudo é transportado para o desenho que vemos na tela. Foi como desenhar a realidade, literalmente e sem alterar nada do que são as memórias e as descobertas. Há a voz do próprio Ari Folman, de um outro soldado que descreve como foi tendo consciência dos acontecimentos e do jornalista Israelita Ron Ben-Yishai. Não tenho por hábito contar tanto sobre os filmes, mas acho importante para saberem que são as vozes verdadeira e não se trata apenas de animação e entrevista inventadas. De qualquer das formas, basta aguentar a ficha técnica para perceber isto tudo.
Sendo este um filme de guerra, a sonoplastia assume um papel importante que, juntamente com as imagens, nos ajuda a sentir a atmosfera e a realidade de tudo o que aconteceu. A banda sonora também está á altura, intercalando, como tinha dito antes, peças de violino e violoncelo bem fortes com rock mais dançável e o bem orelhudo como é o caso de Enola Gay dos OMD que me recordo de ouvir desde petiz. Até hoje este Enola Gay era apenas uma música que saltou para os rádios nos inícios de 80, mas à conta deste texto aprendi que Enola Gay era o nome do bombardeiro B-29 que lançou a primeira bomba atómica da história sobre Hiroshima justamente antes do final da II Guerra Mundial - nunca fui muito dado a conhecimentos bélicos, mas dada a importância simbólica, a música não foi escolhida inocentemente, tenho pena de não saber isto antes porque por pouco me escapava.
Para o fim deixei o melhor: a animação. Não sei bem como a definir, não sou um entendido na matéria, mas desde o primeiro momento que fica no ar o realismo e ao mesmo tempo o look de fábula que casa na perfeição com a temática do filme. Eu diria que parece animação de volumes, correndo o risco de dizer uma grande disparate mas foi a palavra que me veio à cabeça no momento. Parece que o fundo é um desenho e que os desenhos das personagens, na tal cena da corrida dos cães é evidente, se sobrepõem como se fosse pedaços de papel ou objectos que vão sendo agitados em função dos movimentos que se pretendem recriar. A principio parece que tudo vai soar a fábula, mas depois somos de tal maneira atraídos para a teia das imagens que tudo parece tão real, quase fotográfico.
Em suma, tudo no filme joga num constante contraponto entre realidade e fábula que termina num verdadeiro murro no estômago. Na guerra há dor e sofrimento dos dois lados da barricada.
A ver, absolutamente.
Foi a primeira vez que vi um documentário feito em animação,, um documentário muito bem disfarçado de história. Tudo começa aqui, nesta conversa entre dois amigos num bar. Um conta-lhe que tem sempre o mesmo sonho, um sonho que o recorda dos tempos em que ambos foram soldados na guerra Israelita contra o Líbano: 26 cães a correr pela cidade e que só param quando chegam ao pé dele e o observam no topo de um prédio. Pede-lhe , já que ele é realizador de cinema, para fazer um filme sobre isso. O filme, por esta altura, já nós o estamos a ver. Assim como já vimos os cães ferozes a correr pelas ruas da cidade (toda esta sequência que abre o filme põe em evidência a qualidade da animação, da qual já vou falar adiante). O outro, o que aqui vemos à esquerda, é Ari Folman, o realizador. e argumentista. Não se recorda de nada. Só mais tarde nessa noite também ele começa a ficar obcecado por um outro sonho, do qual mais ninguém parece lembrar-se. O filme é toda uma busca pelo significado e pelo acontecimento que fez despontar o sonho. Real ou imaginado? A seu tempo saberemos.
Adorei a ideia de animar as entrevistas a soldados e personagens do palco da guerra que o realizador vai fazendo. O áudio que ouvimos é o da entrevista, as imagens são a da animação. Os tiques, as hesitações na resposta, os gestos que denotam incómodo pela pergunta, tudo é transportado para o desenho que vemos na tela. Foi como desenhar a realidade, literalmente e sem alterar nada do que são as memórias e as descobertas. Há a voz do próprio Ari Folman, de um outro soldado que descreve como foi tendo consciência dos acontecimentos e do jornalista Israelita Ron Ben-Yishai. Não tenho por hábito contar tanto sobre os filmes, mas acho importante para saberem que são as vozes verdadeira e não se trata apenas de animação e entrevista inventadas. De qualquer das formas, basta aguentar a ficha técnica para perceber isto tudo.
Sendo este um filme de guerra, a sonoplastia assume um papel importante que, juntamente com as imagens, nos ajuda a sentir a atmosfera e a realidade de tudo o que aconteceu. A banda sonora também está á altura, intercalando, como tinha dito antes, peças de violino e violoncelo bem fortes com rock mais dançável e o bem orelhudo como é o caso de Enola Gay dos OMD que me recordo de ouvir desde petiz. Até hoje este Enola Gay era apenas uma música que saltou para os rádios nos inícios de 80, mas à conta deste texto aprendi que Enola Gay era o nome do bombardeiro B-29 que lançou a primeira bomba atómica da história sobre Hiroshima justamente antes do final da II Guerra Mundial - nunca fui muito dado a conhecimentos bélicos, mas dada a importância simbólica, a música não foi escolhida inocentemente, tenho pena de não saber isto antes porque por pouco me escapava.
Para o fim deixei o melhor: a animação. Não sei bem como a definir, não sou um entendido na matéria, mas desde o primeiro momento que fica no ar o realismo e ao mesmo tempo o look de fábula que casa na perfeição com a temática do filme. Eu diria que parece animação de volumes, correndo o risco de dizer uma grande disparate mas foi a palavra que me veio à cabeça no momento. Parece que o fundo é um desenho e que os desenhos das personagens, na tal cena da corrida dos cães é evidente, se sobrepõem como se fosse pedaços de papel ou objectos que vão sendo agitados em função dos movimentos que se pretendem recriar. A principio parece que tudo vai soar a fábula, mas depois somos de tal maneira atraídos para a teia das imagens que tudo parece tão real, quase fotográfico.
Em suma, tudo no filme joga num constante contraponto entre realidade e fábula que termina num verdadeiro murro no estômago. Na guerra há dor e sofrimento dos dois lados da barricada.
A ver, absolutamente.
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