Ver homens de barba rija a falar de videojogos como se ainda tivessem 15 anos, puberdade, borbulhas, pornografia escondida e a comportarem-se como estrelas de alto gabarito mundial é mais do que cómico, é hilariante. Ridículo é ver que falam de glórias do passado.Para quem não conhece ou não se lembra existia um jogo chamado Donkey Kong, lançado em 1981 e que ficou muito popular no mundo das Arcades (ou simplesmente máquinas como lhes chamávamos e que a malta ia jogar no café às escondidas da mãe). Reza a lenda que este é dos jogos mais difíceis de sempre, é preciso uma mistura de perícia e muito treino para compreender os truques para evitar os barris e salvar a princesa. Confesso que era mais pró na versão jogo de tabuleiro que tinha uma macaco de plástico com um braço especial por onde saíam os barris, deprimente... Mas os meninos que deram a cara neste belíssimo documentário da cromice e do excesso de orgulho por quase coisa nenhuma são mesmo prós e esforçam-se por parecer prós...
Há um tipo de nome Billy Mitchell que, com a idade que tem, devia tratar apenas dos seus restaurantes de fast food mas anda há anos a ser convidado para eventos especiais de videojogo por ser o detentor do maior recorde alguma vez feito neste jogo. É, por assim dizer, o maior. Já nem se dá ao trabalho de jogar nem mostrar como se joga. Aparece e pronto. E há um outro tipo de nome Steve Wiebe que se propõe, quase 25 anos depois, pulverizar o recorde do barbudo senhor com gosto horroroso para gravatas. Incrível como a inveja se sente do lado de cá da imagem. E o cheiro do suor dos súbditos do rei a fazeres espionagem e a avisarem o chefe de que há um New Kid in Town que está quase a matar-lhe o recorde, um exercício de sociologia portanto. Diga-se que um destes espiões há anos que tenta chegar ao killer screen, nirvana de quem ama este tipo de videojogos.
A propósito disto e para quem possa não saber, neste tempo os jogos não tinham fim. Eram níveis atrás de níveis até se chegar a um ponto em que a máquina não tinha mais para nos dar e "rebentava", ou seja, o jogo ia abaixo. No Kong o último nível de todos ainda começava, mas segundos depois o personagem morre sem motivo nenhum. O personagem que não é outro senão o mr. Mário conhecido do jogo da Nintendo. mas que na altura se chamava apenas Jumpman. Foi a primeira vez que ele apareceu salvando a princesa, mas aqui a estrela era o imponente Macaco.
Falta dizer que há uma organização que funciona como árbitro desta cena toda, a Twin Galaxies que monitoriza e certifica os recordes de todos os jogos a nível mundial. Com o reconhecimento da malota do Guiness.
A primeira vez que ouvi falar neste filme foi numa viagem a caminho do Porto pela boca dum entusiasta dos videojogos, vintage de preferência e do Pac-Man acima de tudo... Agradeço-lhe a dica.
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