rabugice (rabugem + -ice) s. f.
Qualidade de rabugento.
Mau humor persistente. = IMPERTINÊNCIA
Berrar impropérios logo pela manhã; chamar nomes ao esquentador que primeiro atira água a escaldar e 3min depois cospe água dos glaciares quando desesperadamente tentamos acabar com o ardor dos olhos, culpa do champô; protestar com o tipo do carro vermelho que não sabe bem se deve ir na faixa da esquerda ou da direita e, por isso, se mantém ao meio; comentar com palavrões as novidades vinda do (des)Governo; e esta porcaria de computador que não funciona; gritar "outra vez" quando percebemos o que nos reserva o chefe cozinheiro da cantina; concluir que o dia que nos calha em sorte está longe de ser o dia que se merece; e esta papelada que só acumula e não se arruma sozinha; desejar a hora de chegar a casa para depois protestar por nunca se fazer nada de realmente excitante, aliciante, divertido, tanta coisa por onde escolher e eu aqui a ter de cozinhar uma mistela para encher a pança; beber umas cervejas no sofá para esquecer a ira; ir dormir agitado porque, entretanto, já é tarde e se não dormir as 8 horas que aquela Doutora da tv recomenda vou acordar rabugento e o dia vai ser mau e o tanto que eu tenho para fazer amanhã e o tanto que não me apetece fazer aquilo que tenho para fazer e se eu pudesse ficar a dormir e se amanhã fosse Sábado ou Domingo e...
Esta era a parte em que contrariava tudo o descrito anteriormente explicando qual o meu truque ou usando uma daquelas frases saídas de livros de capa dourada chamados Segredo, mas vamos reconhecer o óbvio: adoramos o mal disposto, o mal humorado, o nem me fales, o não estou bem, o cala-te lá que isto é uma desgraça, o já viste a minha vida, o deixa-me estar, o hoje dá-me espaço. É que dá menos trabalho protestar para o ar, ser inconsciente e inconsequente do que meter a cabeça a pensar em como fazer diferente.
4 comentários:
...e quando chegamos a um tal local, de gente frustrada, que fazem considerações tenebrosas, apontam ideias escabrosas, que da vida só sabem coisas do género "Prada", que só através da TV conseguem viver vidas que a eles não lhes pertence... Aqueles - que há parte disto vivem - são frequentemente apontados porque puxam assuntos que as meninas, todas empertigadas, não sabem acompanhar. Não é fácil manter uma conversa quando nada sabemos do que se passa na vida quotidiana televisiva ou a qualquer desfile novelesco. Se não estás por dentro, ´tas fora!(onde é que puseste a bazuca?)
resumindo Carla: é bom falar mal...
"e esta papelada que só acumula e não se arruma sozinha" --> Sem dúvida a minha parte favorita do texto!
...os papeis são nossos amigos...
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