imagem: CM Lisboa |
Que bonito é o senhor a distribuir sorrisos e conhecer a "verdadeira realidade" - repito "verdadeira" para enfatizar a ironia - daquelas gentes que se passeiam na rua e o observam de perto. Coitados, não lhes chega as fotografias dos jornais e as imagens da tv... Querem ver de perto as rugas do seu senhor, tê-lo ali à mão de semear a escassos 2 passos da porta de casa. Outros, porque coitados mal conseguem sair de casa - pelo fraco físico associado à fraca escadaria - olham-no da janela ajudando, sem querer, a dar ainda mais magnanimidade ao espectáculo de variedades montado para as tv's. Ele são as obras a todos o vapor até altas horas de madrugada, os raminhos e flores e decorações e faixas penduradas à última da hora - é suposto que pareça que ali não há problemas, ali está-se sempre em festa -, a fadista que surge [ler com ironia] cantando como faz todos os dias naquele lugar, ele são os edifícios pintados de véspera e de madrugada e nessa mesma manhã e escassas duas horas antes da vinda do senhor, os grafities arrancados de propósito para que tudo pareça impecável. Pena é que a câmara não fuja do enquadramento e aponte focada acima do 2º andar...
Na República do faz de conta, há quem se encarregue de evitar (esconder também poderia ser a palavra) que, tal como na história, um petiz imune possa exclamar: o rei vai nu! Podia ser que alguém raspasse a tinta fresca revelando os tijolos escondidos, o bolor do edifício mal isolado e, empurrando a porta do prédio, a máscara de cartão revelasse o interior decadente a necessitar de obras.
Na República do faz de conta, há quem se encarregue de evitar (esconder também poderia ser a palavra) que, tal como na história, um petiz imune possa exclamar: o rei vai nu! Podia ser que alguém raspasse a tinta fresca revelando os tijolos escondidos, o bolor do edifício mal isolado e, empurrando a porta do prédio, a máscara de cartão revelasse o interior decadente a necessitar de obras.
texto escrito por ocasião das comemorações do 10 de Junho e
da passagem da comitiva pelo Mouraria no dia 9 de Junho e
só agora publicado
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