Sardinha

imagem: Limão Edições

Os livros querem-se como a sardinha: muitos, luzidios, a passar de mão em mão, na rua... Espera lá, na rua? Sim, não os encontrarás em mais lado nenhum. Estes, pelo menos, os da Sardinha. É que não vale a pena procurá-los nas livrarias; são as Sardinettes que vêm ter connosco entre o cheiro da gordura a cair na brasa e na fatia do pão. Quem disse que não se pode folhear as páginas de uma sardinha? Numa admiramos-lhe a pele estaladiça. Na outra, é o olhar fixo da dita que nos admira a nós. E que olhar. Simpático, sedutor, daqueles que nos olha fixamente e diz já sei ao que vens. Mais adiante, a ciência do grelhador. Para ela o terror; para nós, o culpado pela água na boca. Um despertar dos sentidos, a receita da sardinha assada que nos aparece umas páginas mais à frente. Dá lá uma dentada, vá.