Atropelei o Calimero

Do flagelo da fofice, fofura, beijoquice e amor

terça-feira, 25 de setembro de 2012 by ocondutor | 4 comentários
O mundo está a ficar demasiado fofinho para o meu gosto. Eu tentei ignorar, assobiar para o lado, engolir a ira, calar o reparo e seguir em frente, mas já chega! Acabou! A humanidade, no seu todo, tem de perceber o que se está a passar e dar cabo do flagelo que se abate sobre nós. Ò da casa acuda...! Acuda, que me sinto a sufocar.

É que já ninguém aguenta tantos nomes terminadas em 'inho' ou 'ocas', tanto beijo repenicado, tanto abraço lançado ao pescoço de alguém, tanta fofice fingida, tanta fofura forçada, tanta alegria exacerbada, tantas vezes a palavra amor atirada sem nexo como substituto do nome de alguém. Estamos a ensandecer e temo não haver ninguém que repare, ninguém que nos acuda. Uma camisa de forças já! Estamos condenados... 

É amor isto, amor aquilo... Diga querida...? Diz querido...? Como diz que disse?

Descodificando o que se diz, sem tirar nem por, é isto:
- Ai que a voz se me enche de mel só porque digo o seu nome;
- Vossa Excelência é tão do meu agrado que me sinto na obrigação de o dizer em diminutivo, cantado e repenicado como fazem as cotovias;
- Vossa Senhoria é tão ilustre que não me chegam meiguices no trato e algodão nos braços para carinhos lhe poder dar. Até os gestos que a si dirijo, não os consigo verbalizar se não em 'inho': cá um abracinho;
- Ai que se me embarga o pensamento para abarcar a totalidade da sua doçura, importa-se que me refira a si apenas como amor?

A sério que já paravam com isso.

bizarrices
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4 comentários:

Vanita disse...

Gosto tanto dessas frases do século passado. Onde foste buscar imaginação para isso. Toma lá beijinho ;P

25 de setembro de 2012 às 10:45
ocondutor disse...

Agradeço-lhe a grandiosidade de comentar tão humilde prosa. Não sendo eu suave no trato por mania e feitio, não significa que lhe seja alheio. Beijinho fofo também para si.

25 de setembro de 2012 às 11:11
carla disse...

Estes "inhos" ou "inho" servem, muitas vezes, para disfarçar a vontade de dar no focinho, de dar com um ancinho e por aí a fora... As mulheres têm muito esta mania. Ele é querida para cá, amor para lá...o que estará escondido ali de baixo? Talvez se disserem o nome - sem diminutivos - talvez deixem escapar uma ou outra farpa que gostassem de espetar... Não sei! Temo para mim - e eu que detesto ser tratada como amor ou querida por gente do género feminino - que há uma tendência para piorar sempre que há um ajuntamento de mulherzinhas, a contar as suas coisinhas fofinhas... Imaginemos agora se os homens aderissem à moda e em vez de "ir à bola" com o pessoal, vão "à bolinha"! Isto não está certo!

25 de setembro de 2012 às 11:36
ocondutor disse...

'ir à bolinha', ora aí está uma ideia potencialmente cómica de que não me lembrei. esta mania dos diminutivos e fofice exacerbada soa-me sempre a fingimento e tontice...

25 de setembro de 2012 às 11:53

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