Atropelei o Calimero

Uma tropa que não é para todos

domingo, 20 de julho de 2008 by ocondutor | 0 comentários
Às vezes vale a pena esperar. E ainda bem que resisti à tentação de entrar na recruta da "Tropa de Elite" através do DVD. Acho que há filmes, se não mesmo todos, que ganham muito quando os vemos no escurinho do cinema.

E é no escurinho, mas da favela que este filme começa com os nosso super polícias a entrarem para resolver a merda criada por outros polícias e a entrarem para matar. Um início forte com o funk intercalado com os créditos iniciais, mas depois logo substituído pelo som das balas a serem disparadas. Mais um filme cru e com linguagem forte que explora o filão favela/tráfico, só que desta vez temos um polícia como narrador, o Capitão Nascimento que tem a visão de quem já sujou as mãos muitas vezes e foi treinado para limpar a área quando a coisa dá para o torto.

Temos o polícia super honesto e ingénuo que acredita no sistema e ainda acha que consegue ser advogado. Há o outro, também honesto, que adora armas e quer subir rápido na hierarquia, nem que para isso o sistema tenha de ser vencido. E há os polícias do sistema que usam e abusam da posição para ganhar mais algum ou porque, no fundo, ninguém quer morrer à toa. Depois há os duros que chegam quando não há outra solução. E desses, o capitão Nascimento é o melhor. A propósito, gosto deste Wagner Moura, que sei anda a fazer de mau numa telenovela qualquer, e do seu capitão; como já antes tinha gostado dele em Cidade Baixa, outro filme que recomendo.

Adoro as pequenas ironias do argumento. Primeiro, a ideia de que por causa do Papa, ainda João Paulo II, que quando visita o Brasil em 1997 decide ficar a dormir junto do morro, vai haver molho. Por causa dele, vai ser preciso correr riscos e vai acabar por morrer muita gente. Depois, os falsos moralistas que participam em manifestações, acusam a lei de ser violenta e depois financiam a indústria da droga ajudando ao tráfico ou simplesmente consumindo. E há a ironia do próprio sistema que acaba por chegar às coisas mais insignificantes como os reboques. E o quanto eu fui pensando no nosso país...

Frases chaves que vale a pena descobrir no filme: "bota na conta do papa", "essa área é minha" ou ainda "morto na praia é afogamento", nem vou dizer nada quanto ao contexto prefiro deixar para durante a sessão.

Para finalizar só não compreendo como podem estas fitas demorar tanto tempo a entrar nas nossas salas? Um ano, é tempo a mais. Já era tempo de fazer melhor na escolha e distribuição do que chega às nossas salas, ainda para mais um filme brasileiro. Já era tempo de fazer um acordo qualquer de circulação de filmes brasileiros cá e portugueses por lá. Já era tempo... E até seria lucrativo, digo eu, é só pensar na vasta comunidade brasileira que cá temos.

Bem, ficam aqui os primeiros minutos do filme, achei que era melhor do que começarem pelo trailer. Apresento-vos o capitão Nascimento:


cine
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