A moda dos relógio digitais dourados

Pois é, este dia tinha de chegar. Eu lutei, confesso que lutei com todas as minhas forças para adiar, impedir até a chegada deste dia, mas ele tinha de chegar. E chegou, hoje, agora, neste preciso momento. Tranquilos que não me vou pôr aqui com dissertações à laia daqueles blogues escritos por tipas citadinas que oferecem presentes aos leitores e são incapazes de comprar farpelas novas para a colecção e ficar caladas.

É preciso ter lata, é preciso ter muita lata para andarem agora aí a exibir os pulsos ornamentados com relógios digitais dourados ou prateados... Precisamente as mesmas tipas que há uns anos gozavam connosco, os cromos e caixas de óculos, que gabavam a sua aquisição - 5 euros na loja dos ch'neses - capaz de iluminar as horas do dia, apitar de hora em hora, cronometrar quem era o mais rápido a dar a volta ao recreio, e, para os mais hardcore, mudar o canal da tv da sala de convívio para desespero dos restantes. Uma maravilha dos tempos modernos, o último grito no que tocava a gadgets.

É que é preciso ter mesmo muita lata. Passar anos a babar pelos desleixados para quem os relógios eram coisa de torre de igreja, convencerem-nos que cool era andar de pulso despido, obrigarem-nos a gastar balúrdios naquelas cebolas do tamanho de rodas de carro e agora virem humilhar-nos desta maneira... Vozes imaginárias gritam: é o triunfo dos nerds. O caralho é que é. Se antes não entendiam, não venham agora disfarçar e fazer de conta. A única coisa que vos faz crescer o entusiasmo por estas pequenas maravilhas é o facto de combinarem na perfeição com o dourado da mala e com o look retro dos sapatos da moda que acabaram de comprar.