É uma vergonha ter andado a degustar a voz da menina Sarah Jarosz de forma tão egoísta. As coisas boas são para ser partilhadas e os fieis leitores (deixem-me viver em negação) merecem que partilhe as descobertas recomendações que vou beber noutros espaços mais especializados, atentos e conhecedores que este. Perdoem-me a conversa fiada e permitam-me que dê lugar ao que interessa.
Sarah Jarosz é uma daqueles pérolas que só seria possível obter nessa vasta imensidão de terra chamada U.S.A. com as suas pradarias varridas pelo pó arrastado ao sabor do vento e as casas com alpendre e baloiço onde se costumam ouvir guitarras, banjos e bandolins a servir de ritmo a uma voz ora sumida, ora presente. Sarah nasceu em Austin no Texas e, ao contrário daquilo que nos obriga a imaginar ao ouvi-la, sabe bem os ambientes por onde se move e onde se inspira para fazer música. E que música. É vergonhoso que alguém com 20 anos - ninguém nasce em 1991 - tenha a desfaçatez de fazer música como se tivesse 50 ou 60 com uma calma e uma paz interior de quem sabe das coisas e já viveu histórias para contar.
"Follow me Down", precisamente as primeiras palavras que nos dirige neste seu segundo disco, é o nome do mais recente trabalho ao qual cheguei pela primeira vez através do banjo regado a violoncelo onde ambos se dobram perante a voz suave, segura e decidida que avança para nos falar duma tal de "Annabelle Lee", terminando numa explosão a que se juntam violinos, uma guitarra e uma bateria. Só que, sem dúvida, para passar da paixão ao amor eterno só com o dedilhar da guitarra da música de abertura que docemente nos ordena: "Run Away". E eu vou, vou para onde quiseres. Sem ninguém saber. Sem ninguém por perto. Na sombra da lua, procurando o que é verdadeiro. Nós podemos. Eu seguro-te na mão... com força e não largo. Sim, podemos... fugir...
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