Aviso prévio: vou dar uma de Miguel Esteves Cardoso na coluna diária do jornal Público
Em si, as Tangerinas, parecem coisas de somenos. São muito mais pequenas que as laranjas, por isso, parecem pouco valiosas pelo que por elas se paga. Depois há uma coisa que se encontra com mais facilidade nos hipers e supers chamada Clementina que, dizem, tem um sabor menos ácido e conseguem ser mais suportáveis ao nariz e vendem-se sem folhas. O horror!
Se querem saber, também eu andei enganado durante algum tempo e já tinha esquecido a espectacularidade destas pequenas maravilhas. Bastou-me o fim-de-semana natalício para recuar duas dezenas de anos e ver-me, de repente, com seis anos empoleirado num banco a tentar chegar àquela árvore que apesar do forte Inverno teimava em permanecer pejada de folha e frutos suculentos. Uma nunca era suficiente, duas sabiam a pouco, três começavam a saber bem e, acima disso, era o êxtase... Já repararam como é raro referirmo-nos a elas no singular? (só o facto de estar a escrever isto me está a fazer sentir a boca inundada de acidez e frescura).
Há toda uma arte na degustação das tangerinas: primeiro, saber escolher as coloridas lá bem do alto que apanham mais sol; depois, há que colhê-las ainda com o caule e as folhas para que, na fruteira, não percam a magia e se aguentem durante mais tempo; as melhores são aquelas cuja casca se mantém bem colada ao interior, por serem mais ácidas; o momento de cravar a unha pela primeira vez é mágico, a explosão de salpicos de sumo contido na casca, os mesmos que agitam os narizes pouco treinados; por último, é comer até a nossa boca já não aguentar mais de êxtase e começar a gritar pára, pára... E sim, as do super e hiper não valem um caracol.
Há toda uma arte na degustação das tangerinas: primeiro, saber escolher as coloridas lá bem do alto que apanham mais sol; depois, há que colhê-las ainda com o caule e as folhas para que, na fruteira, não percam a magia e se aguentem durante mais tempo; as melhores são aquelas cuja casca se mantém bem colada ao interior, por serem mais ácidas; o momento de cravar a unha pela primeira vez é mágico, a explosão de salpicos de sumo contido na casca, os mesmos que agitam os narizes pouco treinados; por último, é comer até a nossa boca já não aguentar mais de êxtase e começar a gritar pára, pára... E sim, as do super e hiper não valem um caracol.
Dica:
- 1 fatia de broa de milho;
- 2/3 tangerinas;
preparação:
- vai-se alternando na boca uma dentada de broa com a metade de uma tangerina para o melhor lanche que já comeram na vida. Não ousem desperdiçar esta dica gastronómica.
2 comentários:
Detesto o cheiro! BAH
ultrapassada a aparência e a primeira impressão - penso que a minha prosa personifica isso - há muito para ganhar com dar-lhes uma segunda oportunidade. Um amor, paixão, até...
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